O Benfica saiu de St. James’ Park com uma pesada derrota por 3-0 diante do Newcastle, em jogo da terceira jornada da Liga dos Campeões. Para além do resultado expressivo, a atuação do árbitro polaco Szymon Marciniak — considerado um dos melhores do mundo e responsável pela final do Mundial 2022 — acabou por ser alvo de críticas severas. Especialistas em arbitragem, como Pedro Henriques e Marco Ferreira, analisaram os lances mais polémicos e concluíram que os encarnados foram prejudicados em momentos decisivos da partida.
Benfica goleado, mas arbitragem não passou despercebida
O resultado foi claro, mas a narrativa do encontro ganhou contornos mais complexos após a análise detalhada dos lances de arbitragem. Pedro Henriques, comentador e ex-árbitro internacional, destacou que logo aos 3 minutos do jogo houve um erro significativo de Szymon Marciniak.
Segundo o especialista, Kieran Trippier devia ter sido punido com cartão amarelo depois de uma entrada imprudente sobre Barrenechea: “Entrou fora de tempo e sem tocar na bola, pisando o adversário com os pitons. O cartão ficou no bolso”, comentou ao jornal A Bola. Uma decisão que, embora não tenha mudado imediatamente o rumo do jogo, poderia ter condicionado o comportamento defensivo dos ingleses nos minutos seguintes.
Pouco depois, ainda na primeira parte, surgiu outro momento polémico. Aos 45 minutos, Dodi Lukebakio viu um cartão amarelo que, para Pedro Henriques, foi mostrado ao jogador errado. O avançado belga teria sido, na verdade, vítima de falta. “Foi ele quem chegou primeiro à bola e acabou pisado por Anthony Gordon”, apontou.
Erros acumulados e impacto na confiança da equipa encarnada
Na opinião de vários analistas, este tipo de decisões influencia não apenas o desenrolar tático do jogo, mas também o estado anímico das equipas. O Benfica, que já vinha pressionado após resultados irregulares na Liga dos Campeões, viu a sua confiança abalada por estas decisões.
Do ponto de vista psicológico, sentir que as decisões do árbitro não estão a ser equilibradas cria frustração e impede a afirmação do jogo ofensivo. Embora a superioridade do Newcastle tenha sido evidente em termos de intensidade, rapidez de transição e eficácia no último terço, a verdade é que alguns momentos podiam ter sido diferentes se a arbitragem tivesse sido mais rigorosa.
Marco Ferreira: “Houve lances para vermelho e penálti”
Se Pedro Henriques concentrou a sua análise no critério disciplinar mal aplicado, Marco Ferreira, ex-árbitro da primeira categoria, foi ainda mais longe nas suas considerações. Para ele, Szymon Marciniak deixou passar um lance que justificava cartão vermelho para um jogador do Newcastle.
Embora não tenha explicitado o nome do jogador, tudo indica que se referia a uma entrada dura a meio-campo, num momento em que o Benfica tentava reagir ao primeiro golo sofrido. “Foi uma ação com força excessiva, que colocava em risco a integridade física do adversário”, destacou.
Além disso, Ferreira falou dos dois lances em que os jogadores do Newcastle pediram grande penalidade. Em ambos os casos, o árbitro mandou seguir, decisão que o ex-árbitro considera correta. Contudo, reforçou que a mesma assertividade deveria ter sido aplicada nos momentos em que o Benfica saiu prejudicado.
Szymon Marciniak: estatuto elevado, noite para esquecer
Marciniak é um árbitro com estatuto internacional, elogiado pela sua consistência em grandes jogos. No entanto, este encontro em St. James’ Park mostrou que até os mais experientes estão sujeitos a falhas. A ausência de revisões através do VAR para os lances de maior contacto físico também gerou dúvidas entre adeptos e especialistas.
Para muitos, o árbitro polaco pecou pela falta de uniformidade no critério disciplinar. Mostrou cartões em situações menos graves e poupou advertências claras em outras, criando uma sensação de dualidade de critérios.
Influência no resultado? Uma questão que divide opiniões
É consensual que o Benfica foi inferior ao Newcastle durante largos períodos do jogo, especialmente no aspeto físico e na capacidade de pressionar alto. No entanto, a discussão sobre se os erros de arbitragem influenciaram o resultado final está longe de ser unânime.
Do lado dos adeptos e comentadores mais críticos, argumenta-se que o jogo poderia ter tomado outro rumo se Trippier tivesse sido advertido cedo e se Lukebakio não tivesse sido penalizado injustamente. Uma equipa que entra em intervalo a perder e com sentimento de injustiça tende a quebrar mentalmente.
Já os mais moderados defendem que, embora existam erros claros, a superioridade inglesa foi suficiente para justificar a vitória. O Newcastle capitalizou as oportunidades, enquanto o Benfica revelou fragilidades defensivas e dificuldades em construção de jogo.
Benfica tem agora de reagir rapidamente
Sem tempo para lamentações, o Benfica vira agora o foco para o campeonato. No próximo sábado, 25 de outubro, recebe o Arouca no Estádio da Luz, em partida da 9.ª jornada da Liga Portugal Betclic, marcada para as 20h30. É uma oportunidade de reagir, corrigir erros e retomar a confiança.
Roger Schmidt deverá fazer ajustes táticos, especialmente no meio-campo e na linha defensiva, onde a equipa revelou maiores debilidades. A dúvida permanece: haverá rotação para poupar jogadores desgastados pela Liga dos Campeões ou o treinador alemão apostará na força máxima para garantir os três pontos?
Conclusão: um jogo que deixa perguntas sem resposta
A goleada sofrida pelo Benfica em Newcastle não pode ser explicada apenas pela arbitragem, mas os erros de Szymon Marciniak foram elementos relevantes que marcaram o encontro. Pedro Henriques e Marco Ferreira trouxeram para o debate público questões importantes sobre a justiça das decisões arbitrais em momentos-chave.
Mais do que um simples jogo perdido, este encontro expôs fragilidades táticas, emocionais e disciplinares que o Benfica precisa de resolver se quiser continuar a lutar na Liga dos Campeões.
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