A equipa de andebol do Sporting voltou a mostrar que está entre a elite do desporto europeu. Esta quarta-feira, 22 de outubro, o conjunto de Alvalade deslocou-se ao Trondheim Spektrum, na Noruega, para defrontar o Kolstad, em jogo da sexta jornada da Liga dos Campeões, e venceu por 34-30. Numa partida que teve duas caras distintas, os leões foram capazes de reagir a uma primeira parte menos conseguida e construíram uma reviravolta convincente, reforçando a confiança num percurso europeu que tem sido exemplar.
Primeira parte turbulenta: Sporting desconectado e Kolstad eficiente
A entrada em jogo da formação verde e branca ficou aquém das expectativas. O Kolstad, empurrado pelo público caseiro e com um ritmo agressivo, entrou mais concentrado, dominou os primeiros minutos e rapidamente ganhou vantagem no marcador.
O Sporting, apesar de ter tentado equilibrar a posse e as transições, mostrou dificuldades defensivas, sobretudo no controlo das ações de Simen Lyse, o grande protagonista da equipa norueguesa, que acabaria por marcar 12 golos no encontro.
O resultado ao intervalo, 19-15 favorável ao Kolstad, espelhava as falhas defensivas dos leões e alguma precipitação ofensiva. Falhas técnicas, remates apressados e dificuldades na circulação de bola deixaram o público sportinguista apreensivo. Ainda assim, era visível que a diferença no marcador não traduzia totalmente a qualidade das duas equipas.
Reação de campeão: o despertar leonino na segunda parte
Se a primeira parte trouxe dúvidas, a segunda mostrou ambição, caráter e qualidade. Ricardo Costa, técnico do Sporting, corrigiu posicionamentos, ajustou o bloco defensivo e pediu mais calma nas transições ofensivas. A resposta foi imediata.
Aos poucos, os leões foram encurtando a desvantagem até chegarem ao 21-22, a primeira liderança no marcador. A partir daí, nunca mais olharam para trás. A defesa subiu de intensidade, o guarda-redes leonino fechou a baliza nos momentos decisivos, e o ataque passou a ser mais fluido e eficaz.
Francisco Costa foi a figura maior da noite sportinguista, com nove golos que impulsionaram a reviravolta. Também Salvador Salvador, Martim Costa e Edmilson Araújo estiveram em grande plano, contribuindo com golos, assistências e equilíbrio defensivo.
Destaques individuais e impacto coletivo
• Francisco Costa – Melhor marcador leonino com nove golos. Inteligente nas movimentações e frio nos momentos-chave.
• Simen Lyse (Kolstad) – Melhor em campo do lado norueguês, com 12 golos. Criou inúmeras dificuldades ao sistema defensivo sportinguista.
• Ricardo Costa – O treinador do Sporting foi decisivo na leitura de jogo e na motivação da equipa ao intervalo.
A vitória não foi apenas fruto do talento individual, mas sim da capacidade coletiva de adaptação. O Sporting corrigiu falhas, voltou a acreditar e assumiu o controlo emocional do jogo — algo essencial em competições tão exigentes como a Liga dos Campeões.
Classificação, números e ambições europeias
Com esta vitória — a 14.ª em 17 jogos oficiais esta época — o Sporting sobe ao terceiro lugar do Grupo A (ainda que à condição), com oito pontos conquistados. Este resultado reforça a candidatura dos leões ao apuramento para a fase seguinte da prova e mostra que o clube está preparado para competir ao mais alto nível.
Classificação atual do Grupo A (à condição):
• 1.º – Barcelona
• 2.º – Kielce
• 3.º – Sporting (8 pontos)
• 4.º – Kolstad
• 5.º – RK Zagreb
• 6.º – Celje
O grupo é altamente competitivo, mas o Sporting tem demonstrado consistência, ambição e maturidade tática. A vitória na Noruega torna-se ainda mais valiosa por acontecer fora de casa, num ambiente adverso e contra um adversário físico e tecnicamente evoluído.
Análise tática: o que mudou ao intervalo?
1. Defesa mais compacta e agressiva – O Sporting passou de uma defesa passiva a um bloco mais adiantado, dificultando os remates exteriores noruegueses.
2. Transições rápidas mais seletivas – Menos precipitação e mais eficácia nas saídas para contra-ataque.
3. Maior mobilidade no ataque organizado – Francisco Costa assumiu a condução ofensiva, alternando com Salvador Salvador para confundir a defesa do Kolstad.
Esta transformação tática demonstra que o Sporting não depende apenas da inspiração individual, mas sim de uma estrutura bem trabalhada e de uma equipa que sabe sofrer, reagir e vencer.
Sporting vira a página: próximo desafio é em solo nacional
Depois da epopeia europeia, o andebol leonino regressa às competições nacionais. O próximo jogo está marcado para sexta-feira, 24 de outubro, às 20h00, no Pavilhão João Rocha, frente à Artística de Avanca, em partida da nona jornada da fase regular do campeonato português.
Este encontro será fundamental para manter o ritmo competitivo e consolidar a liderança interna. A sucessão de jogos importantes obriga a uma gestão inteligente do plantel para evitar desgaste e possíveis lesões.
Opinião: um Sporting mais maduro e europeu
A vitória sobre o Kolstad não é apenas mais um resultado positivo. É um sinal claro de maturidade, de capacidade de superação e de que o Sporting já não é apenas participante na Liga dos Campeões — é um verdadeiro candidato a chegar longe.
O clube de Alvalade mostra um projeto sólido, com jogadores jovens de enorme talento, como Francisco Costa e Martim Costa, combinados com atletas experientes. Ricardo Costa tem conseguido encontrar o equilíbrio entre intensidade, emoção e rigor tático.
Claro que ainda há erros a corrigir, sobretudo na entrada em jogo e na consistência defensiva. No entanto, se este crescimento continuar, os leões podem tornar-se uma das grandes surpresas da Europa.
Conclusão: vitória que inspira e reforça ambições
O triunfo por 34-30 em Trondheim é mais do que três pontos. É uma demonstração de força mental, competência técnica e espírito de equipa. O Sporting continua a mostrar que não está apenas de passagem na Europa — quer deixar marca, quer ir mais longe.
Agora, com os olhos postos no Artística de Avanca, a equipa procura manter a onda positiva, mas a mensagem é clara: este Sporting está vivo, confiante e preparado para novos desafios.
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