O FC Porto anunciou esta quarta-feira, dia 2 de outubro, a assinatura dos novos protocolos com os Super Dragões e o Colectivo Ultras 95, os dois Grupos Organizados de Adeptos (GOA) oficialmente reconhecidos pelo clube. Estes acordos, que substituem os anteriores em vigor para a época 2024/25, introduzem um conjunto de novas medidas disciplinares e critérios de gestão de bilhética, com destaque para sanções automáticas aplicáveis às claques sempre que as suas ações provoquem multas ou punições impostas por entidades desportivas ou civis.
Segundo os documentos divulgados, os protocolos têm vigência até 30 de junho de 2026 e renovam-se automaticamente por períodos de um ano, caso nenhuma das partes manifeste a intenção de cessar o acordo até ao final de maio de cada época. A grande novidade está na criação de um sistema de penalizações progressivas que afetam a alocação de bilhetes aos GOA quando existirem comportamentos inadequados dos seus membros que resultem em sanções aplicadas ao FC Porto.
De acordo com o novo regulamento:
• Em caso de multa entre 4.500 e 10.000 euros, haverá uma redução de 10% na atribuição de bilhetes;
• Para multas entre 10.000 e 15.000 euros, a redução será de 25%;
• Se a penalização for entre 15.000 e 35.000 euros, a diminuição sobe para 50%;
• No caso de multas entre 35.000 e 50.000 euros, ou jogo à porta fechada/interdição, a redução é de 75%;
• Por fim, em multas superiores a 50.000 euros, ou sanções de derrota administrativa ou desclassificação, a atribuição de bilhetes é suspensa a 100%.
Estas sanções entram em vigor imediatamente e aplicam-se no jogo seguinte com público, sem prejuízo da obrigação de indemnização ao clube pelos danos causados. Com este mecanismo, a SAD portista pretende reforçar a corresponsabilização das claques pelos comportamentos dos seus associados, incentivando uma presença mais disciplinada e responsável nas bancadas.
Sectores definidos e novas regras de bilhética
O protocolo especifica ainda os sectores reservados a cada claque no Estádio do Dragão: os Super Dragões continuarão nos sectores 8 e 9, enquanto o Colectivo Ultras 95 permanecerá no sector 28.
No que respeita aos preços dos bilhetes, a nova regulamentação estabelece condições diferenciadas:
• Os adeptos que sejam sócios do FC Porto e da claque pagarão o mesmo valor praticado para sócios do clube;
• Já aqueles que forem apenas sócios da claque terão de pagar um preço até 20% superior ao valor aplicado aos sócios portistas, tanto nos jogos do Estádio do Dragão como no Dragão Arena.
Nas deslocações fora de casa, o clube compromete-se a reservar 20% dos bilhetes do seu contingente aos Super Dragões e 10% ao Colectivo Ultras 95, ambos ao preço de sócio. Além disso, está prevista uma reserva adicional de 5% dos ingressos para membros simultaneamente filiados no FC Porto e nos Super Dragões, também ao preço reduzido.
A política de valorização da assiduidade, introduzida na época anterior, mantém-se, permitindo aos adeptos mais presentes nos jogos beneficiar de vantagens na aquisição de bilhetes.
Apoio logístico e financeiro às claques
Os protocolos agora assinados preveem igualmente a avaliação de comparticipações financeiras por parte do FC Porto, destinadas a coreografias, materiais de apoio e deslocações superiores a 100 quilómetros. Essas ajudas serão analisadas caso a caso pela SAD, garantindo um apoio institucional controlado.
Outra novidade é a disponibilização de um espaço de armazenamento para o Colectivo Ultras 95, localizado numa zona da bancada norte do estádio. Quanto aos Super Dragões, a Porto Comercial, detentora da marca registada “Super Dragões”, continuará a sublicenciar gratuitamente a exploração do nome, desde que o protocolo seja integralmente cumprido.
Responsabilidade e possível revogação
Os novos acordos incluem cláusulas de rescisão imediata em caso de incumprimento das obrigações por parte das claques. A direção portista deixa assim claro que a continuidade do relacionamento institucional depende de uma conduta exemplar dos seus grupos organizados de adeptos.
Com cerca de 3.500 filiados, os Super Dragões são o maior grupo organizado do FC Porto, enquanto o Colectivo Ultras 95 conta com cerca de 630 associados. Ambos desempenham um papel importante no apoio às equipas do clube, tanto em casa como nas deslocações, mas também têm sido, por vezes, associados a episódios que resultaram em sanções financeiras.
Com estas novas medidas, o FC Porto procura reforçar a cooperação com os seus adeptos organizados, mas ao mesmo tempo impor regras claras de responsabilidade e disciplina, num esforço para proteger a imagem do clube, evitar prejuízos financeiros e assegurar um ambiente desportivo mais saudável nas bancadas.
O objetivo é equilibrar o reconhecimento do papel das claques no apoio à equipa com a necessidade de combater comportamentos inadequados, reforçando assim a cultura de exigência e responsabilidade que o FC Porto quer manter como marca da sua identidade.
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