A esperança sueca transformou-se em desespero. A seleção da Suécia voltou a desapontar os seus adeptos ao perder, em casa, frente ao Kosovo (0-1), num encontro que expôs as fragilidades de uma equipa sem rumo. O nome que mais ecoou nas críticas pós-jogo foi o de Viktor Gyökeres, avançado que, apesar de ter jogado os 90 minutos, voltou a sair sem marcar.
O antigo goleador tem enfrentado uma das piores fases da carreira, e a derrota desta segunda-feira reforça a sensação de que nem ele nem a equipa conseguem reencontrar o caminho certo.
A queda continua: Suécia volta a falhar em casa
O Estádio Ullevi, em Gotemburgo, foi palco de mais uma noite amarga para o futebol sueco. A equipa de Jon Dahl Tomasson até começou o jogo com atitude e posse de bola dominante, mas rapidamente se percebeu que o domínio não seria suficiente. Faltaram ideias, intensidade e sobretudo eficácia no último terço.
O Kosovo, bem organizado defensivamente, aproveitou a primeira grande oportunidade. Aos 32 minutos, Fisnik Asllani reagiu melhor a um ressalto dentro da área e marcou o único golo do jogo. O silêncio nas bancadas contrastou com os gritos de euforia dos adeptos kosovares, conscientes da dimensão do feito.
Apesar das tentativas de reação, a Suécia nunca conseguiu impor o seu jogo. Os números até parecem positivos — mais de 60% de posse de bola, 16 cruzamentos e várias incursões ofensivas —, mas a verdade é que quase nada resultou em perigo real.
Gyökeres: um avançado preso entre a frustração e a desconfiança
Para Viktor Gyökeres, o jogo contra o Kosovo foi mais uma oportunidade desperdiçada de quebrar a sua seca de golos. O jogador de 27 anos, que há pouco mais de um ano era considerado uma das sensações da Europa, atravessa uma crise que começa a preocupar tanto os suecos como o seu clube, o Sporting.
Sem golos há oito partidas consecutivas, o sueco parece ter perdido a confiança que o tornava tão letal. Durante o encontro, foi possível notar hesitação em momentos-chave e falta de assertividade nas decisões. Mesmo com movimentações constantes, raramente conseguiu fugir à marcação ou criar espaços para finalizar.
As estatísticas não mentem: na época 2025/26, Gyökeres soma 14 jogos, três golos e uma assistência — números modestos para quem já brilhou com mais de 40 contribuições diretas em golos numa só temporada.
Um problema que vai além do avançado
Ainda que Gyökeres seja o rosto mais visível da crise, o problema da Suécia é coletivo. O futebol apresentado pela equipa de Tomasson está longe dos padrões competitivos que outrora caracterizavam os escandinavos. Há uma desconexão evidente entre os setores, pouca criatividade no meio-campo e uma dependência excessiva dos cruzamentos laterais.
Jogadores como Forsberg e Kulusevski não têm conseguido ser o motor criativo que a equipa precisa. A posse de bola é estéril, os movimentos previsíveis e a finalização ineficaz. O resultado é uma Suécia incapaz de transformar domínio em golos — o que, em futebol moderno, é sinónimo de fracasso.
Kosovo surpreende e sonha com o Mundial
Enquanto os suecos mergulham em dúvidas, o Kosovo vive o oposto: confiança e crescimento. A vitória em Gotemburgo foi histórica, não só pelos três pontos, mas pelo simbolismo de vencer fora contra uma seleção com tradição.
Com uma equipa compacta, disciplinada e com transições rápidas, os kosovares mostraram maturidade tática e espírito de luta. O treinador, consciente das limitações, montou um sistema que anulou completamente as principais armas suecas. A recompensa foi justa e consolidou o Kosovo como candidato real ao segundo lugar do grupo.
Um ponto em quatro jogos: o pesadelo da Suécia
Os números são cruéis. A Suécia soma apenas um ponto em quatro partidas na fase de qualificação para o Mundial 2026, ficando praticamente sem margem de erro. Com o empate entre Eslovénia e Suíça (0-0), os helvéticos seguem na liderança, enquanto o Kosovo aproxima-se perigosamente.
Restam poucas jornadas e o cenário é sombrio: para sonhar com o Mundial, os suecos precisarão de reagir de imediato e torcer por tropeços dos adversários diretos. No entanto, com o futebol apresentado, a esperança parece mais teórica do que prática.
Tomasson sob pressão — e o vestiário dividido
Jon Dahl Tomasson começa a perder espaço junto dos adeptos e da imprensa. As suas escolhas táticas, que privilegiam um jogo de posse e circulação lenta, contrastam com a tradição de uma Suécia que sempre se destacou pela verticalidade e pela força coletiva.
Nos bastidores, fala-se de divisões no grupo, com alguns jogadores a mostrarem frustração com a falta de resultados e outros a sentirem que o treinador não está a tirar o melhor proveito do elenco. Gyökeres, que deveria ser o ponto focal do ataque, parece isolado, sem um sistema que potencie as suas características.
Gyökeres precisa de um novo ponto de viragem
A situação atual representa um teste à mentalidade de Gyökeres. O avançado já provou que tem qualidade para brilhar nos maiores palcos, mas a consistência será o fator decisivo para o seu futuro. Recuperar a confiança será essencial — algo que pode começar com um simples golo, um momento de sorte, ou uma exibição inspirada.
O próprio jogador tem consciência disso. Fontes próximas ao grupo afirmam que Gyökeres tem trabalhado com afinco, mas o bloqueio mental é evidente. A falta de golos não se explica apenas taticamente; é também uma questão de autoconfiança e de ritmo emocional.
Um futuro incerto para a Suécia
O que antes parecia apenas uma má fase transformou-se num problema estrutural. A Suécia perdeu a identidade que a levou a ser uma seleção respeitada na Europa. O futebol atual é previsível e sem intensidade, e o talento individual já não é suficiente para mascarar as falhas coletivas.
O futuro da equipa nas eliminatórias está em risco, e o tempo para corrigir o rumo é escasso. Se não houver uma mudança drástica — seja de mentalidade, tática ou liderança —, a Suécia pode ficar fora de mais um grande torneio, algo impensável há alguns anos.
Conclusão: crise que exige respostas rápidas
A derrota para o Kosovo foi mais do que um simples tropeço — foi um alerta vermelho. A Suécia está à beira do colapso competitivo, e Gyökeres, símbolo de uma geração talentosa, é agora o rosto da frustração.
Para o avançado, marcar novamente é mais do que uma necessidade estatística: é uma questão de sobrevivência. Para a seleção, reencontrar o caminho das vitórias é uma questão de honra. O tempo, porém, começa a jogar contra ambos.
0 Comentários