O regresso de José Mourinho ao Benfica continua a gerar repercussões dentro e fora de Portugal. Desta vez, foi Paulo Fonseca, técnico do Lyon e antigo treinador do FC Porto e Roma, quem teceu rasgados elogios ao “Special One” e ao impacto que o seu retorno ao futebol nacional está a ter.
Durante a sua intervenção no Portugal Football Summit 2025, Fonseca sublinhou que a chegada de Mourinho ao Clube da Luz não só revitalizou o entusiasmo dos adeptos, como também aumentou a visibilidade internacional da Primeira Liga.
“Acho que é altamente positivo para o futebol português. O campeonato nunca foi tão falado como nestas últimas semanas”, afirmou o treinador, destacando que a presença de Mourinho voltou a colocar Portugal no mapa mediático do futebol europeu.
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Mourinho e o “efeito dominó” no futebol português
Desde o seu regresso, em 18 de setembro de 2025, Mourinho trouxe consigo algo que o futebol português há muito não via: um interesse global genuíno. A imprensa internacional acompanha atentamente cada conferência de imprensa, cada decisão tática e cada jogo do Benfica sob o comando do técnico de Setúbal.
Paulo Fonseca reconhece esse fenómeno e salienta que o efeito Mourinho vai muito além do relvado.
“É inegável que o impacto mediático é tremendo. O Benfica ganhou uma nova aura com ele, e isso ajuda todos os clubes, porque a visibilidade da liga aumenta”, comentou.
De facto, desde a chegada de Mourinho, os números de audiência dos jogos do Benfica dispararam, e até transmissões internacionais da Liga Portugal registaram crescimentos notáveis de visualizações e de menções nas redes sociais.
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Benfica ainda em fase de adaptação
Apesar do entusiasmo generalizado, Paulo Fonseca mostrou-se realista ao analisar o momento desportivo das águias. Segundo o treinador, o Benfica ainda está a absorver as ideias e a filosofia tática de Mourinho, um processo que exige tempo e paciência.
“O Benfica está ainda à procura das ideias do Mourinho. Ele entrou num momento em que não tem tempo — e esse tempo é fundamental para impor o seu modelo de jogo. Com o talento que existe no plantel, a equipa vai crescer e tornar-se candidata clara ao título”, destacou Fonseca.
Esta análise toca num ponto essencial: a transição entre estilos. O Benfica vinha de um modelo mais ofensivo e aberto, e Mourinho trouxe consigo uma abordagem mais controlada, estratégica e com forte ênfase na solidez defensiva.
Ainda assim, os resultados iniciais têm sido animadores, e o ambiente em torno do clube demonstra que há confiança num projeto sustentado e ambicioso.
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A visão de Fonseca sobre o Porto: “Um projeto do zero”
Paulo Fonseca não se limitou a falar sobre o Benfica. O antigo técnico dos dragões abordou também o momento do FC Porto, sublinhando que o clube vive uma fase de reconstrução profunda.
“O Porto está praticamente a começar um projeto do zero, com muitas entradas de jogadores e um novo treinador. Mesmo assim, é um candidato natural ao título”, afirmou.
As palavras de Fonseca refletem a resiliência estrutural do FC Porto, que mesmo em ciclos de renovação mantém-se competitivo. O treinador português conhece bem o ambiente do Dragão e sabe que a mentalidade vencedora do clube tende a compensar eventuais fases de adaptação.
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Sporting: estabilidade e identidade
Sem esquecer os leões, Fonseca destacou o trabalho realizado por Rúben Amorim no Sporting, elogiando a consistência e a qualidade tática da equipa.
“O Sporting tem uma base estável e um jogo posicional muito interessante, muito flexível. É também um candidato forte ao título”, afirmou o técnico.
De acordo com Fonseca, a estabilidade estrutural e a continuidade do projeto leonino tornam o Sporting uma das equipas mais difíceis de enfrentar em Portugal. A combinação entre juventude e maturidade tática continua a ser um dos trunfos mais valorizados do modelo de Amorim.
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A importância de Mourinho no contexto internacional
Para além das rivalidades internas, a presença de Mourinho no futebol português representa um ganho simbólico e estratégico para o país.
A experiência do treinador — campeão em quatro das cinco maiores ligas europeias — eleva o estatuto da liga e atrai olhares de investidores, patrocinadores e talentos estrangeiros.
Paulo Fonseca, ele próprio com carreira internacional consolidada, reconhece que o regresso de Mourinho serve também de inspiração para uma nova geração de técnicos portugueses.
“O sucesso e o carisma do Mourinho continuam a ser uma referência para quem trabalha no futebol. Ele é um exemplo de liderança e adaptação, mesmo depois de tantos anos ao mais alto nível”, afirmou.
A influência do Special One vai, portanto, além do Benfica. O seu regresso funciona como um sinal de que Portugal continua a ser um polo formador de grandes treinadores e uma liga competitiva, capaz de atrair figuras de renome mundial.
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Análise: o equilíbrio entre nostalgia e inovação
O entusiasmo em torno de Mourinho tem também um lado emocional. O treinador regressa ao clube onde começou a sua carreira principal, mas agora com o peso de uma carreira lendária e de expectativas altíssimas.
Paulo Fonseca tocou num ponto sensível ao falar sobre “tempo” — algo que, historicamente, Mourinho raramente teve em abundância.
No Benfica, o desafio será reconciliar o estilo pragmático do treinador com a exigência estética dos adeptos. O sucesso dependerá não apenas dos resultados, mas também da capacidade de criar uma identidade própria dentro de um contexto moderno e globalizado.
É uma fase de reequilíbrio: Mourinho representa a tradição, o rigor e o carisma; o Benfica procura inovação, protagonismo e espetáculo.
A junção desses elementos pode redefinir o paradigma do futebol português — e Fonseca, com a sua leitura serena, parece entender isso melhor do que ninguém.
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Conclusão: o renascimento de um futebol em crescimento
As palavras de Paulo Fonseca no Portugal Football Summit 2025 não foram apenas elogios casuais. Foram uma reflexão lúcida sobre o momento de transformação do futebol português.
Com Mourinho no Benfica, novos projetos no FC Porto e estabilidade no Sporting, o campeonato nacional vive um dos períodos mais vibrantes da última década.
Mais do que rivalidades, há um sentimento de crescimento coletivo, de uma liga que volta a ser falada, estudada e respeitada lá fora.
E se esse movimento começou com a chegada do “Special One”, talvez o verdadeiro legado de Mourinho — e de treinadores como Fonseca — seja precisamente este: colocar o futebol português novamente no centro das atenções do mundo.
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