As últimas exibições de Pedro Gonçalves, o “camisola 8” do Sporting, têm levantado questões dentro de Alvalade. Rui Borges, consciente da sobrecarga de minutos e da oscilação de rendimento do extremo português, já transmitiu à direção a necessidade urgente de reforçar o setor ofensivo na próxima janela de transferências de inverno. A ideia é clara: encontrar um jogador que possa competir com Pote, dando maior equilíbrio e profundidade ao plantel leonino.
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A necessidade de um “clone” de Pote
Pedro Gonçalves tem sido, ao longo das últimas épocas, um dos pilares do Sporting. A sua capacidade de decidir jogos com golos e assistências tornou-o peça indispensável na manobra ofensiva dos leões. No entanto, essa dependência excessiva tem começado a preocupar Rui Borges. O treinador quer evitar que a equipa se torne previsível e, sobretudo, que o desgaste físico de Pote comprometa o rendimento coletivo.
O técnico verde e branco procura, por isso, um jogador com características semelhantes: destro, criativo, com boa chegada à área e capaz de atuar sobre o lado esquerdo. Essa versatilidade é vista como fundamental para manter a fluidez tática do sistema leonino, que tanto privilegia a rotação e a mobilidade dos seus extremos.
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O dossiê Jota Silva e o “fantasma” do último defeso
O falhanço na contratação de Jota Silva, nos últimos minutos do mercado de verão, continua a pesar em Alvalade. O avançado português era considerado o alvo ideal para ser a sombra de Pote — um jogador com experiência na Primeira Liga, agressivo na pressão e com golo fácil. No entanto, divergências contratuais e tempos de resposta inviabilizaram a transferência, deixando Rui Borges com uma lacuna evidente nas alas.
Desde então, o treinador leonino tem tentado adaptar soluções internas, mas nenhuma conseguiu corresponder totalmente às suas exigências. A falta de uma alternativa credível tem-se refletido no rendimento coletivo e, segundo fontes próximas do clube, o tema está no topo das prioridades para janeiro.
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Alisson Santos: solução provisória ou aposta a longo prazo?
Sem grandes opções disponíveis, Rui Borges tem recorrido a Alisson Santos. O jovem brasileiro, inicialmente integrado no projeto da equipa B, foi promovido à formação principal para tapar algumas lacunas momentâneas. O treinador tem elogiado o seu empenho e capacidade de adaptação, mas reconhece que o perfil do jogador ainda está longe do pretendido.
Alisson tem mostrado talento e irreverência, mas falta-lhe consistência e maturidade tática. A intenção inicial era que acumulasse minutos na Liga Revelação antes de ser opção regular em Alvalade. No entanto, as circunstâncias obrigaram o técnico a antecipar esse processo, o que acabou por expor algumas fragilidades naturais da juventude.
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O regresso de Nuno Santos: mais profundidade, menos criatividade
Com o regresso iminente de Nuno Santos após lesão, Rui Borges ganha uma alternativa válida para o corredor esquerdo. Ainda assim, o perfil do jogador não encaixa totalmente na função de “falso extremo” que o técnico pretende. Nuno é mais vertical, aposta na profundidade e procura o cruzamento, enquanto Pote tende a explorar o espaço interior e a finalizar.
Essa diferença de estilo reforça a necessidade de recrutar alguém que possa replicar o papel de Pedro Gonçalves, oferecendo ao treinador maior liberdade tática. A ideia é ter um segundo jogador capaz de fazer o mesmo tipo de movimentos, sem que o sistema tenha de ser alterado.
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Yeremay Hernández volta à mira leonina
Entre os vários nomes analisados pelo departamento de scouting, o de Yeremay Hernández, do Deportivo da Corunha, continua a ser o favorito de Rui Borges. O extremo espanhol, de apenas 21 anos, tem sido uma das grandes revelações da segunda divisão espanhola. Rápido, criativo e com excelente leitura de jogo, Yeremay encaixa perfeitamente no perfil desejado: destro que atua pela esquerda, com faro de golo e forte capacidade de drible em espaços curtos.
O problema, porém, está no preço. O Deportivo já recusou uma proposta do Sporting no último verão — 25 milhões de euros fixos mais 5 milhões por objetivos — e não parece disposto a baixar as exigências. Além disso, o jogador não pretende forçar uma saída a meio da época, temendo desgastar a relação com o clube que o formou.
A direção leonina, por sua vez, continua a estudar formas de viabilizar o negócio, possivelmente através de pagamentos faseados ou da inclusão de jogadores em troca.
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Mercado de janeiro: urgência em agir
Com a época a meio e várias frentes de competição em aberto, o Sporting sabe que não pode repetir os erros do verão. Rui Borges quer soluções imediatas, e o departamento de futebol tem consciência de que o plantel precisa de mais profundidade se quiser manter a ambição de lutar pelo título nacional e pela boa campanha europeia.
O mercado de inverno costuma ser difícil, sobretudo para negócios de grande dimensão, mas os leões já definiram prioridades. Além de um extremo, há também interesse em reforçar o meio-campo com um jogador de transição, caso alguma saída relevante aconteça.
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Opinião: equilíbrio entre paciência e urgência
A posição de Rui Borges é compreensível. Pedro Gonçalves tem sido um esteio, mas o calendário apertado e as exigências físicas do sistema leonino tornam essencial a rotação. O Sporting precisa de preservar o rendimento do seu principal criador de jogo, e para isso é fundamental encontrar um substituto à altura.
No entanto, há que ponderar o investimento. Gastar mais de 30 milhões de euros num jogador proveniente da segunda divisão espanhola é um risco considerável, mesmo que o talento de Yeremay Hernández seja inegável. O equilíbrio entre prudência financeira e ambição desportiva será determinante nesta equação.
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Conclusão: janeiro pode definir o rumo da época leonina
A abertura do mercado de transferências de inverno promete ser intensa em Alvalade. Rui Borges quer reforços, a direção está disposta a negociar e os adeptos esperam uma resposta clara após as indefinições do verão. O caso de Pedro Gonçalves é apenas o reflexo de uma necessidade maior: dar ao treinador um plantel equilibrado e competitivo para enfrentar os desafios que se aproximam.
Se o Sporting conseguir fechar um jogador do calibre de Yeremay Hernández, poderá não só garantir maior estabilidade ofensiva como também preparar o futuro, reduzindo a dependência excessiva de Pote. Janeiro será, por isso, um mês decisivo — tanto para o presente como para o futuro imediato do projeto leonino.
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