Eduardo Quaresma aperta a pressão: jovem quer provar a Rui Borges que merece mais minutos

 


O cenário repete-se semana após semana em Alvalade: Eduardo Quaresma continua a ver o seu nome fora das escolhas iniciais e isso está a chegar ao limite da tolerância. O defesa formado na Academia do Sporting sente que a sua importância dentro das opções de Rui Borges está longe de corresponder ao valor que acredita oferecer. Segundo informação recolhida pelo Leonino, o internacional sub-21 português mostra crescente frustração por não estar a ser utilizado com maior regularidade. E não se trata apenas de ego — trata-se de ambição, de futuro e de uma porta que pode fechar-se rápido demais.



A insatisfação que cresce a cada jornada


Eduardo Quaresma, 23 anos, vê com perplexidade a redução drástica do seu tempo de jogo. Depois de ter sido utilizado com frequência na época passada, tornando-se peça útil num sistema com três centrais e até marcando um golo decisivo frente ao Gil Vicente, o ‘camisola 72’ caiu subitamente na hierarquia após Rui Borges ter optado por apenas dois centrais.


A questão não é apenas tática, é estratégica. Com o sistema atual, a concorrência aumentou, mas a rotação diminuiu. Quaresma sente que não beneficia da mesma confiança que já teve e começa a achar difícil justificar, internamente, porque não tem oportunidades num momento em que a defesa mostra instabilidade em algumas fases do jogo.


O jogador acredita que já mostrou consistência suficiente para ser escolha recorrente. Na realidade, a avaliação brutal é simples: se não joga num Sporting com problemas de definição nos corredores e com laterais ainda por afirmar, quando é que irá jogar?



Um Mundial 2026 ainda na mira


Pode parecer irrealista apontar ao Mundial de 2026 como objetivo, considerando que, até agora, soma apenas 427 minutos esta temporada. Mas, aqui, existe lógica: Roberto Martínez tem observado e chamado jovens centrais portugueses com potencial. Quaresma acredita que, se garantir titularidade num grande clube como o Sporting, poderá entrar no radar final para a lista definitiva.


Ambição? Sim. Exagero? Não exatamente. A verdade é que a Seleção Portuguesa procura alternativas na defesa e o Mundial abre portas a quem aparecer na hora certa. O jovem não ignora que precisa de conquistar espaço em Alvalade para sonhar, mas continua a cultivar essa possibilidade como motivação para não desistir.


A pergunta que se impõe: será que Rui Borges está a travar esta evolução ou simplesmente o jogador ainda não provou o suficiente?



Concorrência sem donos: alas que não convenceram


Curiosamente, a baixa utilização de Quaresma não se explica apenas pela luta entre centrais. Ele está a ser visto internamente como solução para a lateral direita, dado que Iván Fresneda e Georgios Vagiannidis ainda não se afirmaram de forma convincente. Fresneda apresenta intermitência e dificuldade em assumir o ritmo ofensivo exigido; Vagiannidis tem problemas defensivos e posicionamento irregular.


Na prática, nenhum dos dois agarrou o lugar. E é exatamente aí que Quaresma quer entrar. Um ex-capitão leonino afirmou ao Leonino que o ‘72’ é, na sua leitura, o melhor lateral direito do plantel. Se isso for verdade, então o que explica tantas ausências no onze? Falta de confiança? Falta de visão estratégica? Ou simplesmente excesso de conservadorismo técnico?



O dilema Rui Borges: apostar no jovem ou proteger o sistema?


É aqui que a discussão ganha profundidade. Rui Borges tem mostrado um perfil tático mais rígido, privilegiando o modelo e a segurança em detrimento do risco individual. O treinador parece mais preocupado em estabilizar a equipa do que em acelerar o crescimento de valores que possam desequilibrar positivamente.


Só que essa postura tem um custo: talento desperdiçado. Quaresma não é um adolescente levado pela emoção. É um jogador avaliado em 17 milhões de euros, formado no clube, com margem para evolução física e tática, e que já provou ser decisivo. Deixar esse valor no banco — sobretudo numa equipa que ainda está longe de uma estabilidade defensiva — arrisca ser uma má gestão esportiva e financeira.



Quanto tempo o Sporting pode perder com indecisão?


Se Quaresma continuar a ser opção secundária, duas consequências tornam-se inevitáveis:

1. Desvalorização de mercado. Um jogador jovem sem minutos perde espaço na prateleira internacional.

2. Ruptura emocional. Um atleta que sente que não tem espaço acaba por procurar saída, empréstimo ou transferência definitiva.


E aqui surge o ponto crítico: o Sporting tem histórico recente de arrependimentos com talentos que deixaram o clube precocemente. A pergunta é direta: vai repetir a história?



Opinião: coragem, não precaução


O Sporting tem um bom problema nas mãos: excesso de talento para algumas posições. O mau problema é não saber usar esse talento. Se Rui Borges vê no sistema a prioridade absoluta, corre o risco de ter um modelo sem protagonistas. O futebol atual premia quem ousa, quem dá campo a jovens preparados para errar, crescer e decidir.


Eduardo Quaresma já mostrou que pode ser isso tudo. Tem intensidade, leitura de jogo, versatilidade para atuar como central ou lateral, e personalidade de quem não tem medo de assumir. Não é preciso protegê-lo — é preciso responsabilizá-lo.


A equipa leonina tem um recurso valioso no banco. Não usar é desperdício. E desperdiçar um jogador que pode ser titular, potencial internacional e ainda render milhões no futuro é estratégia pobre mascarada de prudência.



Conclusão: a hora de Quaresma é agora


Se Rui Borges pretende um Sporting competitivo, precisa de decidir se quer confiar em jogadores que ainda “podem vir a ser” alguma coisa, ou apostar num que já está pronto para assumir. Quaresma merece, pelo menos, a oportunidade real de mostrar que pode ser titular. Não é um pedido emocional; é uma exigência lógica.


O Sporting, que aposta tanto na formação, não pode hesitar quando um dos seus pede espaço com argumentos e não com palavras. A resposta não deve estar no banco, mas no relvado.


A crise não é dele. A coragem tem de ser do clube.

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