O Benfica prepara-se para agir no mercado de inverno
O Benfica já começa a desenhar o seu plano de ataque ao mercado de janeiro. Com José Mourinho a tentar estabilizar uma equipa que encontrou em reconstrução, a Direção encarnada olha para Clayton, avançado do Rio Ave, como possível reforço imediato. O ponta-de-lança brasileiro, em grande destaque na Liga Portugal Betclic, surge como alvo prioritário para colmatar uma das principais lacunas identificadas pelo novo treinador.
O interesse do Benfica em Clayton não é um rumor isolado. Fontes próximas da estrutura encarnada garantem que o jogador está a ser observado há várias semanas, e que o nome do goleador vilacondense foi bem recebido por Mourinho, que quer mais profundidade e eficácia na frente de ataque.
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Do projeto de Bruno Lage ao “novo ciclo” com José Mourinho
A época 2025/26 começou sob o comando de Bruno Lage, um treinador com ideias firmes e uma aposta declarada na posse de bola e na mobilidade ofensiva. O Benfica fez um mercado de verão robusto, investindo em jovens promessas e reforços táticos que se ajustassem ao modelo do técnico. Contudo, os resultados não corresponderam às expectativas.
O arranque irregular no campeonato, aliado à eliminação precoce nas competições europeias, precipitou o despedimento de Lage em setembro. Rui Costa agiu rapidamente e entregou o comando técnico a José Mourinho, que regressou assim à Luz com a missão de devolver competitividade e mentalidade vencedora ao clube.
O “Special One”, porém, herdou um plantel que não montou. E é precisamente aí que surge a necessidade de reformular algumas peças — especialmente no ataque, onde o Benfica tem demonstrado falta de eficácia na finalização e carência de um verdadeiro “matador”.
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A questão ofensiva: um problema crónico das águias
Apesar de uma organização defensiva sólida desde a chegada de Mourinho, o Benfica tem enfrentado dificuldades em concretizar as oportunidades criadas. Os números falam por si: o conjunto encarnado está entre as equipas com menos golos marcados no top-5 da tabela da Liga Portugal Betclic.
Jogadores como Marcos Leonardo e Tengstedt têm alternado bons momentos com fases de menor rendimento, enquanto Rafa e Di María, embora fundamentais, não são avançados de referência. É neste contexto que surge Clayton — um jogador que combina potência, velocidade e faro de golo, e que tem sido um dos destaques individuais do campeonato.
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Clayton: o goleador discreto que conquistou a Liga Portugal Betclic
O avançado brasileiro de 25 anos tem sido uma das grandes surpresas da época. Com oito jogos realizados até ao momento, Clayton soma seis golos e duas assistências, tendo sido eleito o Melhor Jogador do Mês de Setembro pela Liga Portugal Betclic.
Dotado de excelente posicionamento e remate certeiro, o jogador do Rio Ave alia à sua eficácia ofensiva uma entrega constante, pressionando alto e participando ativamente na construção ofensiva da equipa. Não é apenas um finalizador: é um atacante que entende o jogo, abre espaços e arrasta defesas.
Essas características fazem de Clayton um perfil ideal para o sistema que Mourinho pretende implementar: um ataque mais vertical, com referência fixa e capacidade de segurar jogo, permitindo que os médios e extremos encarnados apareçam em zonas de finalização.
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O encaixe tático e o aval de Mourinho
Fontes próximas do treinador garantem que Mourinho vê em Clayton um jogador com características complementares às opções que tem atualmente. O técnico português quer um avançado que ofereça presença física na área, algo que considera em falta no plantel encarnado.
Além disso, o estilo competitivo e a disciplina tática de Clayton encaixam na filosofia mouriniana — um futebol pragmático, agressivo e orientado para o resultado. Não é apenas uma questão de números, mas de perfil psicológico: Mourinho valoriza jogadores resilientes, com fome de vitória e capazes de responder à pressão mediática que envolve o Benfica.
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O desafio financeiro e a concorrência
A contratação de Clayton, contudo, não será simples. O Rio Ave, consciente do valor do seu ativo, deverá pedir uma verba considerável pelo jogador, especialmente depois da valorização recente. O contrato do atleta estende-se até 2027, o que coloca o clube de Vila do Conde numa posição confortável para negociar.
Há ainda o fator concorrência. Clubes estrangeiros, nomeadamente da Bélgica e da Turquia, já demonstraram interesse em Clayton, o que poderá inflacionar o preço. No entanto, o prestígio e a visibilidade do Benfica, aliadas à oportunidade de jogar sob o comando de José Mourinho, podem pesar na decisão final do jogador.
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O simbolismo do reforço: mais do que uma contratação
A possível chegada de Clayton teria também um valor simbólico para o Benfica. Representaria a primeira contratação com a chancela direta de Mourinho desde o seu regresso à Luz — uma mensagem clara de que o clube está disposto a moldar o plantel às ideias do treinador.
Além disso, mostraria uma mudança de estratégia por parte da Direção: menos foco em nomes mediáticos e mais em jogadores identificados com o projeto desportivo e com provas dadas no contexto nacional. É uma abordagem pragmática, que visa corrigir erros de planeamento cometidos no verão.
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Análise: Mourinho precisa de tempo, mas também de armas
O Benfica vive uma fase de transição. A chegada de Mourinho trouxe estabilidade emocional e uma nova identidade competitiva, mas o sucesso do projeto dependerá muito da capacidade do clube em reforçar o plantel com inteligência.
Clayton não é apenas uma peça para completar o ataque — pode ser o jogador que desbloqueia o sistema ofensivo, devolvendo ao Benfica a capacidade de decidir jogos com eficácia e frieza. O desafio será integrar o brasileiro sem desestabilizar a coesão do grupo e mantendo o equilíbrio financeiro do plantel.
A médio prazo, a aposta em Clayton pode ser vista como um investimento estratégico: jovem, com margem de progressão e já adaptado ao futebol português.
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Conclusão: Janeiro pode redefinir o rumo da época encarnada
Com o mercado de janeiro a aproximar-se, o Benfica prepara-se para um momento decisivo. Mourinho sabe que cada reforço poderá determinar o rumo da época — e a chegada de Clayton pode ser a faísca que falta para transformar um ataque intermitente numa verdadeira máquina de golos.
O interesse no avançado do Rio Ave é mais do que uma movimentação de mercado; é o reflexo de uma nova visão desportiva no Benfica, assente na competência, no rendimento e na ambição de voltar a dominar o futebol português.
Se a transferência se concretizar, Mourinho terá finalmente um avançado à sua imagem: trabalhador, competitivo e com instinto de golo. E isso, no futebol moderno, pode valer títulos.
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