Benfica pondera avançar com queixa contra o FC Porto: o Clássico continua fora das quatro linhas

 


O Clássico entre Benfica e FC Porto, disputado no domingo, 5 de outubro, ainda faz correr muita tinta. O que devia ser apenas um duelo dentro das quatro linhas transformou-se num verdadeiro campo de batalha mediático e institucional. A rivalidade entre os dois gigantes do futebol português atingiu novos patamares, com trocas de acusações, vídeos, comunicados e possíveis queixas formais a marcarem a semana desportiva.


Segundo o jornal Record, os encarnados estudam agora a hipótese de avançar com uma queixa contra Alan Varela, médio dos dragões, por uma alegada agressão a Vangelis Pavlidis, avançado grego do Benfica, ocorrida nos primeiros minutos do jogo no Estádio do Dragão.



Benfica prepara resposta jurídica aos incidentes do Clássico


De acordo com a publicação, Rui Costa e a direção benfiquista consideram que o comportamento de Varela ultrapassou os limites da disputa desportiva. O episódio aconteceu por volta do minuto 12, quando o argentino do Porto atingiu Pavlidis na zona do abdómen. O avançado caiu no relvado, e o jogo esteve interrompido durante alguns instantes.


Contudo, o árbitro Miguel Nogueira decidiu não assinalar falta nem advertir o jogador portista, o que causou grande indignação no banco do Benfica. A jogada foi retomada com um simples lançamento ao solo, decisão que deixou José Mourinho e a equipa técnica encarnada visivelmente insatisfeitos.


Agora, o Benfica pondera formalizar uma queixa disciplinar junto do Conselho de Disciplina da FPF, alegando que se tratou de uma agressão deliberada sem bola e, portanto, passível de sanção posterior.



Escalada de tensão entre Benfica e Porto


O episódio com Alan Varela não surge de forma isolada. Ele representa apenas mais um capítulo num conflito crescente entre as duas estruturas, alimentado por declarações públicas e acusações mútuas.


Na véspera, o Benfica tinha divulgado um vídeo com uma compilação de lances polémicos do Clássico, numa clara resposta às críticas do presidente do FC Porto, André Villas-Boas, que havia deixado várias provocações durante a Gala Portugal Football Globes.


As palavras do líder portista, que acusou o Benfica de ser “beneficiado” pelas arbitragens e de “condicionar o ambiente do futebol português”, não caíram bem na Luz. Em contrapartida, os encarnados divulgaram imagens de lances que, segundo o clube, mostram decisões injustas a favor dos azuis e brancos, incluindo o momento da alegada agressão de Varela.



O caso Gabri Veiga e o “contra-ataque” portista


A tensão entre os dois clubes ganhou ainda mais combustível com outro episódio polémico. O FC Porto anunciou que iria apresentar uma queixa formal contra Pavlidis, acusando o avançado grego de agredir Gabri Veiga durante o mesmo encontro.


Este “contra-ataque” jurídico dos dragões foi visto no Seixal como uma tentativa de desviar atenções e “nivelar por baixo” o debate em torno do comportamento dos jogadores. Fontes próximas do clube da Luz afirmam que o Benfica não deixará o assunto “cair em silêncio” e está disposto a defender o seu atleta até às últimas instâncias.


Assim, o que começou com um jogo intenso e equilibrado dentro de campo, terminou por se transformar numa autêntica guerra de bastidores, com os departamentos jurídicos de ambos os clubes agora em destaque.



Rui Costa quer firmeza e respeito institucional


Nos corredores da Luz, Rui Costa tem mantido uma postura de firmeza e serenidade, mas com tom de exigência e autoridade. O presidente encarnado considera que o clube tem sido alvo de uma campanha de provocação sistemática e quer marcar uma posição clara perante o rival do norte.


Fontes próximas do dirigente indicam que o líder benfiquista não pretende entrar em trocas de palavras públicas com André Villas-Boas, mas sim agir de forma institucional e dentro da legalidade. Para Rui Costa, o Benfica deve “responder no campo e nos tribunais”, se for caso disso.


O objetivo passa por reforçar a imagem de um Benfica disciplinado, mas firme, que defende os seus jogadores e não tolera comportamentos antidesportivos.



Mourinho também reage: foco no futebol, mas sem esquecer a justiça


José Mourinho, treinador do Benfica, foi questionado sobre a polémica à margem de um evento esta semana. O técnico português, conhecido pelo seu discurso direto, procurou não alimentar o conflito, mas deixou um recado:


“Não estamos aqui para criar guerras fora do campo, mas também não vamos fingir que não vemos o que acontece dentro dele. O respeito tem de ser para todos.”


Mourinho frisou ainda que o foco da equipa está no rendimento desportivo e na preparação do próximo encontro, mas garantiu que o clube irá sempre proteger os seus atletas quando estes forem injustiçados.



O papel da arbitragem no epicentro das críticas


O árbitro Miguel Nogueira encontra-se agora no centro da polémica. As críticas vindas de ambos os lados evidenciam a pressão crescente sobre a arbitragem portuguesa, especialmente em jogos de alto risco como os Clássicos.


O lance entre Varela e Pavlidis foi amplamente debatido nas redes sociais e nos programas desportivos, com antigos árbitros a dividirem opiniões. Alguns consideram que se tratou de um “contacto fortuito”, enquanto outros defendem que o médio portista deveria ter sido expulso.


Independentemente da interpretação, o caso voltou a expor a necessidade de maior consistência e transparência nas decisões do VAR, cuja intervenção, mais uma vez, foi alvo de duras críticas.



Análise: o futebol português preso nas batalhas extracampo


O episódio demonstra como o futebol português continua refém das guerras extracampo, onde cada jogo de alta tensão se transforma numa disputa institucional e mediática. Benfica e FC Porto, duas das maiores potências do país, parecem mais preocupados em marcar território fora das quatro linhas do que em valorizar o espetáculo dentro delas.


Essa constante sucessão de queixas, vídeos e comunicados fragiliza a imagem do campeonato, cria um ambiente de hostilidade entre adeptos e desvia o foco daquilo que realmente importa: o futebol.


Enquanto isso, a Liga Portugal e a Federação assistem de longe, limitando-se a reagir quando as situações já estão fora de controlo. Falta, claramente, uma política disciplinar mais clara e eficaz, que puna comportamentos antidesportivos sem depender de pressões externas.



Conclusão: Clássico termina, mas a guerra continua


O que deveria ter sido apenas mais um grande espetáculo do futebol português transformou-se num caso judicial em potencial. O Benfica prepara-se para agir contra Alan Varela, enquanto o FC Porto promete defender os seus jogadores com a mesma veemência.


Entre comunicados e queixas, o Clássico da jornada 7 poderá ser lembrado menos pelo que se jogou e mais pelo que se disse depois.


No fim, fica a sensação de que a rivalidade eterna entre Benfica e FC Porto ultrapassou mais uma vez o campo do desporto e entrou no território da política e da justiça. E enquanto os processos avançam nos bastidores, o futebol nacional continua à espera de um ambiente onde o talento e o fair play falem mais alto do que a polémica.

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