Filipe Soares Franco reacende polémica da arbitragem: acusa Benfica e FC Porto de influência durante a sua presidência

 


A arbitragem no futebol português voltou ao centro do debate, e desta vez com declarações fortes de quem já esteve no epicentro do poder desportivo. Filipe Soares Franco, antigo presidente do Sporting Clube de Portugal, concedeu uma entrevista ao jornal Record, onde afirmou que Benfica e FC Porto exerciam influência sobre árbitros durante o seu mandato. As palavras do ex-dirigente leonino reavivaram uma discussão antiga, mas que permanece sensível no panorama desportivo nacional.



As declarações que fizeram tremer os bastidores do futebol


Na entrevista, Soares Franco foi direto ao tema polémico. Questionado sobre se sentia que os rivais tinham influência na arbitragem, respondeu de forma categórica:


“Não é se sentia. Sentir, obviamente que sentia.”


E reforçou a sua convicção com palavras ainda mais assertivas:


“Agora em retrospetiva é facílimo provar que o FC Porto teve influência na arbitragem e o Benfica teve muita influência na arbitragem. Disso não há dúvida nenhuma.”


Estas declarações caíram como uma bomba no mundo do futebol, especialmente numa altura em que Benfica e FC Porto enfrentam processos disciplinares por críticas à arbitragem por parte do Conselho de Disciplina da FPF.


Contexto histórico: um passado que continua presente


Filipe Soares Franco presidiu o Sporting entre 2005 e 2009, um período marcado por equilíbrio financeiro, mas também por fortes rivalidades dentro e fora das quatro linhas. Esta não é a primeira vez que acusações deste género surgem. Desde o célebre processo “Apito Dourado”, até às críticas sobre o VAR, a arbitragem portuguesa tem sido constantemente posta em causa.


No entanto, o ex-presidente leonino relembra que à época era difícil provar influências ou pressões externas, mas que hoje, com mais distância e investigação, o cenário se torna “facílimo” de comprovar.



“É difícil para benfiquistas e portistas admitirem”


Numa das partes mais picantes da entrevista, Soares Franco deixou uma “bicada” aos rivais:


“É difícil se calhar aos adeptos desses clubes reconhecerem e, eventualmente, até aos dirigentes, mas é um facto. Um facto que para os sportinguistas está demonstrado.”


Com esta afirmação, o antigo líder verde e branco não só defende a posição do Sporting como vítima de um sistema, como também acusa diretamente os rivais de beneficiarem de decisões arbitrais que influenciaram campeonatos.



VAR: solução ou parte do problema?


Outro ponto de destaque nas declarações foi a crítica ao VAR (Video Assistant Referee). Apesar de ter sido introduzido para tornar o futebol mais justo, Soares Franco mostrou-se cético quanto ao seu impacto real:


“Com o VAR também há erros de arbitragem. Também há coisas incompreensíveis. Como é que o VAR não viu, ou não assinalou ou não interveio? Há sempre escusas.”


A crítica vai além da mera falibilidade humana. Para o ex-dirigente, existe falta de transparência e excesso de subjetividade, mesmo com tecnologia avançada disponível. E terminou com uma ironia:


“Sabe, o desporto que eu conheço onde é mais fácil fazer batota é no golfe.”



Análise: coincidência, ruído mediático ou verdade incómoda?


As declarações de Filipe Soares Franco levantam três grandes questões:

1. São apenas perceções de quem se sentiu prejudicado ou existem provas concretas?

Embora não tenha apresentado provas diretas, a convicção com que fala sugere que muito ficou por revelar nos bastidores do futebol português.

2. Por que motivo surge esta entrevista agora?

Pode ser uma tentativa de reabrir o debate ou de defender a honra do Sporting numa altura em que se discute intensamente o estado da arbitragem e os processos disciplinares a Benfica e Porto.

3. O VAR trouxe justiça ou aumentou as suspeitas?

A tecnologia deveria dissipar dúvidas, mas a forma como é usada — com decisões contraditórias e falta de explicação pública — acaba por gerar mais polémica.



Reações possíveis: entre silêncio e indignação


Até ao momento, nem Benfica nem FC Porto reagiram oficialmente às acusações. Normalmente, clubes evitam alimentar polémicas que envolvam suspeitas de manipulação de resultados, mas é expectável que dirigentes, ex-dirigentes ou comentadores esportivos respondam nos próximos dias.


No universo sportinguista, muitos adeptos receberam as declarações como uma validação de anos de queixas contra o “sistema”. Nas redes sociais, multiplicam-se publicações que recordam lances polémicos, árbitros contestados e pontos perdidos.



O papel dos árbitros e da Federação Portuguesa de Futebol


A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e o Conselho de Arbitragem têm sido pressionados a agir com mais clareza e rigor. Entretanto, árbitros continuam a ser alvo de insultos, ameaças e pressão constante, o que fragiliza a autoridade e a credibilidade do seu trabalho.


Se por um lado há quem defenda que o futebol português está refém dos mesmos protagonistas de sempre, por outro existem vozes que defendem que o problema não está nos clubes, mas sim na estrutura da arbitragem e na falta de transparência das instituições.



Opinião: chegou a hora de abrir os arquivos da arbitragem


É legítimo questionar: até quando se vai falar de “influência” e “pressão” sem consequências? Declarações como as de Filipe Soares Franco devem ser analisadas com seriedade e não apenas absorvidas como polémica semanal.


Uma solução possível seria a criação de uma Comissão Independente de Transparência, com acesso a comunicações do VAR, relatórios de árbitros e decisões disciplinares. Só com transparência será possível recuperar a confiança dos adeptos.



Conclusão: uma frase que ecoa no futebol português


As palavras de Filipe Soares Franco não são apenas memórias de um ex-presidente. São um alerta atual, num momento em que a arbitragem volta a ser tema quente e onde a tecnologia ainda não pacificou as discussões.


Enquanto não houver clareza, o futebol português continuará dividido entre quem “beneficia do sistema” e quem se considera “eternamente prejudicado”.

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