Rui Costa admite que o Benfica pode apresentar queixa contra Alan Varela

 


O presidente do Benfica, Rui Costa, admitiu esta quinta-feira, em declarações à TSF, que o clube encarnado poderá apresentar uma queixa formal contra Alan Varela, médio do FC Porto, devido a uma entrada dura sobre Vangelis Pavlidis no clássico disputado entre os dois rivais.

“Se vamos apresentar queixas sobre uma situação daquelas normal, nós também teremos razões para o fazer. Se me agrada entrar numa situação do género? Não, não me agrada, mas é uma resposta e se vale para um lado, tem de valer para o outro”, afirmou o dirigente, num tom firme mas ponderado.

As palavras de Rui Costa surgem em resposta à postura do FC Porto, que recentemente apresentou uma queixa relacionada com outro lance do encontro, alimentando a tensão entre os dois clubes.

O lance polémico entre Alan Varela e Pavlidis

A situação que originou a reação de Rui Costa aconteceu aos 12 minutos de jogo, quando Alan Varela atingiu Pavlidis numa disputa de bola no meio-campo. O avançado grego caiu de imediato, mas o árbitro João Pinheiro considerou o contacto normal e deixou o jogo seguir, decisão que gerou reações intensas nas bancadas e nas redes sociais.

Nas imagens televisivas, é possível ver o médio argentino levantar o pé alto, atingindo Pavlidis na perna, mas o lance não foi revisto pelo VAR, o que levantou dúvidas entre adeptos e comentadores. A possibilidade de o Benfica apresentar uma queixa vem assim em linha com a crescente exigência de transparência e equidade nas decisões disciplinares.

Tensão crescente entre Benfica e FC Porto

As declarações de Rui Costa inserem-se num contexto de rivalidade intensa entre Benfica e FC Porto, que vai muito além do campo. Nos últimos meses, as trocas de acusações e queixas entre as duas direções têm-se tornado recorrentes, criando um ambiente de suspeição e confronto institucional.

O FC Porto, liderado por André Villas-Boas, tem sido particularmente vocal na defesa de alegadas injustiças de arbitragem, ao passo que Rui Costa tem optado por uma postura mais contida, embora desta vez tenha deixado claro que o Benfica não ficará de braços cruzados.

“Não me agrada este tipo de guerras, mas se há queixas de um lado, o mesmo princípio deve aplicar-se ao outro”, reforçou o presidente encarnado.

O papel da arbitragem no clássico

A arbitragem de João Pinheiro no clássico tem sido alvo de forte escrutínio. Além do lance entre Alan Varela e Pavlidis, outros momentos do jogo suscitaram polémica, com ambos os clubes a apontarem erros que, no seu entender, influenciaram o resultado.

Especialistas e antigos árbitros dividem-se nas opiniões: alguns consideram que Varela devia ter visto cartão amarelo ou até vermelho direto pelo lance, enquanto outros defendem que foi um contacto normal, sem intenção de magoar o adversário.

Independentemente da interpretação, a discussão reacende o debate sobre a coerência das decisões do VAR e a necessidade de uniformização de critérios entre as equipas de arbitragem.

Possíveis consequências disciplinares

Caso o Benfica avance com a queixa, o processo poderá ser remetido para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Este organismo avaliará se o lance merece reavaliação com base nas imagens e relatórios oficiais.

Embora a maioria dos casos deste tipo não resulte em sanções retroativas, a iniciativa do Benfica teria valor simbólico, servindo como protesto institucional e reforçando a pressão sobre o sistema disciplinar.

Para Rui Costa, o objetivo não é fomentar polémicas, mas defender os interesses do clube e exigir igualdade de tratamento. “Se há uma regra, tem de valer para todos”, destacou o líder encarnado, sublinhando a importância de coerência nas decisões.

Análise: um reflexo da rivalidade eterna

O episódio demonstra como a rivalidade entre Benfica e FC Porto continua a ser um dos eixos centrais do futebol português. Cada lance, cada decisão de arbitragem, torna-se um campo de batalha política e mediática.

A possibilidade de o Benfica apresentar uma queixa não é apenas uma resposta desportiva, mas também uma mensagem institucional: o clube não aceitará que a narrativa dos jogos seja dominada apenas pelo adversário.

Do ponto de vista estratégico, Rui Costa procura equilibrar firmeza e moderação — não quer alimentar a guerra de palavras, mas também não pretende deixar o Benfica numa posição de fragilidade perante as ações do FC Porto.

Opinião: o risco das queixas mútuas

Do ponto de vista da imagem do futebol português, a escalada de queixas e contraqueixas entre clubes rivais é preocupante. Quando o foco passa das jogadas e táticas para os tribunais e comunicados, o espetáculo perde credibilidade e os adeptos perdem a paciência.

O futebol precisa de liderança e diálogo institucional, não de confrontos constantes. Embora o Benfica tenha razões legítimas para protestar, transformar cada jogo num processo disciplinar é uma estratégia que pode sair cara a todos os intervenientes.

Rui Costa tem consciência desse risco e, nas suas declarações, tentou manter o equilíbrio: “Não me agrada entrar numa situação do género.” Essa frase resume a dualidade que o Benfica enfrenta — entre a necessidade de reagir e a vontade de manter uma imagem de serenidade.

O impacto no balneário e no ambiente desportivo

Internamente, o caso pode ter um efeito motivador. A defesa pública dos jogadores por parte da direção é muitas vezes interpretada como um gesto de solidariedade e união. Pavlidis, recém-chegado ao clube, poderá sentir que o Benfica está do seu lado, o que reforça o espírito de grupo.

Contudo, o foco deve rapidamente voltar-se para o campo. O Benfica tem uma época exigente pela frente, com compromissos na Liga Portugal Betclic e nas competições europeias, onde a concentração e estabilidade emocional são essenciais.

Rui Costa sabe que manter a serenidade do grupo é tão importante quanto vencer os jogos — e é por isso que a resposta institucional do clube será medida, mas firme.

Conclusão: firmeza com moderação

A possível queixa do Benfica contra Alan Varela é mais do que um ato reativo — é um símbolo de equilíbrio de forças num futebol português onde as rivalidades muitas vezes se jogam fora das quatro linhas.

Rui Costa demonstrou que não teme defender o clube, mas também que não quer transformar cada polémica num campo de batalha mediática. A sua postura combina prudência e determinação, transmitindo a mensagem de que o Benfica exige respeito e igualdade de critérios, sem cair na tentação do confronto gratuito.

No final, o essencial será que a verdade desportiva prevaleça — e que os clássicos continuem a ser decididos dentro de campo, com paixão, qualidade e respeito mútuo, e não nos gabinetes disciplinares.

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